Como não acreditei naquilo que lia, escrevi ao Oldemar, pois o seu endereço constava no rodapé da reportagem. Com o passar dos dias, acabei esquecendo o assunto, até que em determinada manhã, pelo correio recebo um envelope enorme, com uma carta de nove laudas, explicando o futebol de mesa baiano. Junto vieram três botões: um do Grêmio, um do Vasco da Gama e o último do Ypiranga da Bahia. Um goleiro feito de madeira e diversas bolinhas, que eram botões “olho de peixe”. Anexou também, o Oldemar, algumas fotografias , nas quais viam-se pessoas de cabelos brancos praticando o esporte.
Continuamos a nos corresponder. Nós, jogando na regra gaúcha, e, eles na baiana. Em 1965, fundamos a Liga Caxiense de Futebol de Mesa. No ano seguinte, ao comemorarmos o nosso aniversário, organizamos um torneio e convidamos os botonistas de Porto Alegre, e de outras cidades praticantes, que na época eram raras ao nosso conhecimento. Resolvi então convidar o Oldemar para participar e conhecer o nosso movimento. Para minha surpresa, o convite foi aceito e Oldemar avisava que chegaria ao Rio Grande do Sul, na companhia de Ademar Dias de Carvalho. Solicitou, como uma deferência especial ,que conseguíssemos uma tábua de 2,20 x 1,60, e eles preparariam o campo. Deveríamos providenciar as traves, no tamanho exigido. Tudo foi feito.
No torneio de aniversário da Liga, o Ademar, jogando com os seus botões muito diferentes dos nossos, acabou ficando com o vice-campeonato, perdendo porque acabou fazendo um gol contra no último instante. Isso serviu para ver a qualidade do botonismo praticado na Bahia. Quando todos estavam reunidos, depois da premiação, os dois demonstraram a beleza do futebol de mesa, com times padronizados, numa mesa que foi chamada de Maracanã, pelo seu tamanho gigantesco, perto dos nossos campinhos. Outra curiosidade fantástica para nós, sulistas, foi a maneira deles impulsionarem os botões. Todos nós usávamos a palheta (ficha, batedeira) e eles simplesmente os impulsionavam com a unha. E a precisão espantosa em cada chute ao gol, em cada cavada, em lançamentos à longa distância. Ficamos maravilhados mesmo.
Depois disso, nunca mais parou o movimento e três anos depois, em Salvador (BA), quatro baianos e dois gaúchos criaram a Regra Brasileira de Futebol de Mesa. Pela Bahia, participaram ADEMAR DIAS DE CARVALHO, OLDEMAR DÓRIA SEIXAS, ROBERTO DARTANHÃ COSTA MELLO e NELSON CARVALHO, e pelo Rio Grande do Sul GILBERTO GHISI (que na ocasião era o presidente da FEDERAÇÃO RIOGRANDENSE DE FUTEBOL DE MESA) e ADAUTO CELSO SAMBAQUY, então presidente da LIGA CAXIENSE DE FUTEBOL DE MESA, a mais forte organização do estado do Rio Grande do Sul.
Depois da criação da regra brasileira e a adesão de vários estados, todos jogando da mesma forma, começaram os entendimentos para a realização do primeiro campeonato brasileiro da modalidade, que seria realizado em Salvador em janeiro de 1970.
Mas, isso é matéria para uma nova reportagem....me aguardem.....
Adauto Celso Sambaquy
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