quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CONHECENDO O CRAQUE - Adauto Celso Sambaquy

Adauto Celso Sambaquy, quase 71 anos, bancário aposentado, economista, botonista, nascido em Caxias do Sul (RS), residente em Balneário Camboriú (SC), casado, pai de cinco filhos.
Comecei a tomar conhecimento do futebol de botões em 1947, em minha cidade natal. Fui convidado por um colega de escola para um torneio de futebol de botões em sua casa. Fiquei maravilhado com o que me foi apresentado. A partir desse dia, os paletós de meu avô, sempre com lindos botões, começaram a ficar sem seus botões.
Encontrei diversos colegas que jogavam. Com meu amigo Renato Toni, percorremos os diversos bairros de Caxias, jogando com outros botonistas. Foi o início de muitas amizades que perduram até essa data.
Com o tempo, passei a jogar futebol de campo e, antes de uma partida, reunidos na casa de outro craque, jogávamos botão. Para não carregar meus craques para o campo de futebol, os deixei na casa de meu amigo. Para a minha infelicidade, naquela noite, um incêndio consumiu a casa deste amigo e os meus dois times (Vasco e Corinthians), foram perdidos. Com isto, parei de jogar por um tempo.
No inicio dos anos sessenta, fui aprovado no concurso do Banco do Brasil, já jogava com um time de botões “chamados puxadores”, fabricados em Porto Alegre. Nesta época, começamos a disputar campeonatos em diversas frentes: AABB, Bancários e Caxiense. Em pouco tempo iniciamos a Liga Caxiense de Futebol de Mesa, fundada em 1965. Desde então só cresceu o futebol de mesa em Caxias.
Em 1966, depois de uma reportagem na antiga Revista do Esporte, editada no Rio de Janeiro, encontrei uma reportagem com o título: “BAHIA DÁ LIÇÕES DE FUTEBOL DE BOTÕES”. Fora escrita por Oldemar Dórea Seixas. Escrevi-lhe e ele me respondeu. Em 1967, junto com o presidente da Federação Riograndense de Futebol de Mesa, sr. Gilberto Ghisi, nos dirigimos à Salvador e com a participação de Adhemar Dias de Carvalho, Oldemar Seixas, Nelson Carvalho e Dartanhã da Costa Mello, juntamos as regras gaúcha e baiana, criando assim a Regra Brasileira de Futebol de Mesa.
Em janeiro de 1970, em Salvador/Bahia, o primeiro campeonato brasileiro foi realizado. No ano seguinte, Recife sediou o segundo, e, em 1972 foi a vez de Caxias do Sul, sediar o campeonato. Já estávamos no terceiro campeonato. Daí por diante, as disputas tem sido constantes.
Em 1973, transferido para Brusque, criamos a Associação Brusquense de Futebol de Mesa, começando seus campeonatos em 1974. Em 1981 inauguramos a nossa sede social própria, no bairro Guarany. Em 1980 realizamos o primeiro campeonato Sul-Brasileiro, e no ano seguinte, realizamos o 7° Campeonato brasileiro de futebol de mesa, nas dependências da S.E.Bandeirante.
Atuei como presidente da Associação Brasileira de Futebol de Mesa, a qual dirigia os técnicos que jogavam na Regra Brasileira (muitos ainda ah chamam de regra baiana), durante os anos de 1980/1981.
Durante esse período fiz aproximação com a Federação Paulista de Futebol de Mesa, com a Federação Paranaense de Futebol de Mesa, com a Confederação Brasileira (não oficial) de Futebol de Mesa, cujo presidente João Paulo Mury, residia no Rio de Janeiro e vice presidente, José Ricardo Caldas e Almeida, residia em Brasília. Tive o prazer de conhecer pessoalmente os grandes nomes: GERALDO CARDOSO DECOURT, ANTONIO MARIA DELLA TORRE, GETULIO REIS DE FARIA, AGACYR JOSÉ EGGERS, e tantos outros fabulosos praticantes.
Uma definição para o futebol de mesa em poucas palavras: impossível. Futebol de mesa é algo muito grande para ser definido em poucas palavras. É algo que envolve as pessoas de tal maneira que acaba se tornando um vício, uma coisa necessária na vida da gente. Que faz com que, por ela, muitas outras coisas sejam relegadas ao segundo plano. Hoje eu tenho medo se ser novamente atacado por essa febre, por esse vírus gracioso, ao qual tenho de agradecer por momentos inesquecíveis de minha vida.
Meu time de coração é o Grêmio Esportivo Flamengo (atual SER Caxias do Sul). Foi com ele que consegui minhas primeiras vitórias. Meu time atual é o S.C.INTERNACIONAL, atual campeão do mundo. Em 1973, antes de ser transferido para Brusque, trabalhava comigo o Celso Tadeu Carpeggiani (Borjão), irmão do Paulo César Carpeggiani, jogador do Internacional. Eu era caixa-executivo no Banco do Brasil e atendi o Paulo César, que estava querendo falar com o Borjão. Chamei-o e fomos apresentados. Então solicitei ao Paulo César a sua camisa. No primeiro jogo em que Caxias e Internacional efetuaram, o Borjão jogava no Caxias, o Paulo César deu-me a sua camisa. Esse é um troféu que guardo com muito carinho. Desde então, em todos os meus times do Internacional, o número 10 é, e será sempre, o Carpeggiani.
A maior alegria que tive e tenho até hoje no futebol de mesa foram às amizades que consegui. É lógico que entre o trigo existem algumas plantas ruins, mas essas nós descartamos e deixamos no esquecimento.
Eu jogo na Regra Brasileira, que é uma mistura das antigas regras gaúcha e baiana. Mas já joguei na regra de 12 toques, na regra usada no Paraná, na regra usada no Rio de Janeiro.
Com muita honra, gostaria de citar alguns nomes de jogadores, que para mim, são ícones deste nosso esporte:
RIO GRANDE DO SUL: Airton Dalla Rosa, Vicente Sacco Netto, Silvio Puccinelli, Marcos Barbosa, Luiz Ernesto Pizzamiglio, Sergio Duro, Delesson Orengo, Rubem Bergmann, Raymundo Vasques, Vanderlei Duarte, Marcos Lisboa, Cláudio Saraiva,Gilberto Ghizi, Lenine Macedo de Souza e Marcos Zeni.
SANTA CATARINA: Valmir Merisio, Marcio José Jorge, Edson Appel, Roberto Zen, Edson Cavalca, Marinho Vieira, Décio Belli, SergioMoresco, Sergio Walendowsky.
PARANÁ: Agacyr José Eggers, Edmundo Barbosa, Ernesto Santos Junior, Newton Santos, Roberto Beltrami, Germano Galdindo.
SÃO PAULO: Geraldo Cardoso Decourt, Antonio Maria DellaTorre, Sergio Soto, Carlos Dellatorre, Antonio Bernardo, Ricardo A.Rosa.
RIO DE JANEIRO: Helio Nogueira, João Paulo Mury, Antonio Carlos Martins, Getúlio Reis de Faria, Luiz Antonio, Adelcio Albuquerque.
SERGIPE: José Ignácio Santos, Reginaldo, Atila Lisa.
BAHIA: Oldemar Seixas, Adhemar Dias de Carvalho, Proculo Azevedo, Cezar Zama, Webber Seixas, Milton Silva, Jomar Moura, Jomar Maia, Roberto Dartanhã Costa Mello, Fernando Contreiras,Mariano Salmeron, Amauri Alves, Álvaro César,Dr. Elias Morgado, Geraldo Holtz, Nelson Carvalho, José Ataíde, Dr. Valter Motta, Luiz Alberto Magalhães,Vital Albuquerque, Orlando Nunes, Kleber Cabral.
PERNAMBUCO: Ivan Lima, Marcelo Tavares, Antonio Pinto.
ESPIRITO SANTO: Manoel Gomes.
ALAGOAS: Uacy F.N.Costa., Washington.
PARAIBA: Manoel Nerivaldo Lopes.
RIO GRANDE DO NORTE : Wilson Marques.
MINAS GERAIS: André Carvalho Tartaglia.
BRASILIA: José Ricardo Caldas de Almeida, Sergio Netto, Antonio Carlos Caldas de Almeida.
Acredito que já dá para ter uma noção da quantidade de ícones com quem joguei.
Quem é Adauto Celso Sambaquy? Um cara comum, um cara que gosta de ajudar, um idealista, um esforçado, um batalhador. Enfim, um cara como tantos que existem por ai. Um amigo para os amigos.

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