Na minha primeira viagem à Bahia, contei com a companhia de Gilberto Ghisi, então presidente da federação Riograndense de Futebol de Mesa, no período de 08 a 22 de janeiro de 1967. Nesta oportunidade conheci uma gama de grandes botonistas. Joguei e aprendi a regra de um toque contra Oldemar Seixas, Ademar Carvalho, Jomar Maia, Roberto Dartanhã, Geraldo Lemus, Norival Factum, Fernando Contreiras, Armando Passos, Mariano Salmeron, Amauri Alves, Álvaro César, Cesar Costa, Dr. Elias Morgado, Luiz Raimundo, Marcio Gomes, Geraldo Holtz, Carlos Alberto Magalhães, José Mascarenhas, Milton Silva, Webber Seixas e Nelson Carvalho. Foi uma verdadeira maratona pelas diversas sedes botonistas da Bahia, Mataripe, S.Amaro da Purificação. Havia grupos que queriam pagar pela nossa apresentação, coisa que foi descartada imediatamente. Mas, em todos os lugares aproveitamos muito. Eram jantares suculentos, com comida baiana, elaborada por pessoas que cozinhavam há muito tempo. Aprendi a gostar de tudo o que encontrei por lá. A pessoa que mais me impressionava era o presidente da Liga Baiana de Futebol de Mesa, um baianinho pequeno, magrinho, chamado José de Souza Pinto. Uma pessoa que, apesar de não jogar botão, era o maior entusiasta de todos. Era sogro do Nelson Carvalho.
Depois dessa passagem, o primeiro brasileiro foi sendo construído aos poucos e, em janeiro de 1970, gaúchos, cariocas, sergipanos, pernambucanos e paraibanos, misturados aos baianos, realizaram o primeiro campeonato brasileiro de futebol de mesa. Foi realizado no dia 10 e 11 de janeiro de 1970, na Sociedade Espanhola, em Salvador. O campeão foi Átila Lisa, um baiano que residia em Aracajú e que defendia a bandeira sergipana. Seu vice, também baiano e também representando Sergipe, foi José Marcelo. Na terceira colocação estiveram dois gaúchos: Jorge Compagnoni e Airton Dalla Rosa. Nesse campeonato conheci o grande radialista de Pernambuco, Ivan Lima, que pouco depois faria a cobertura do Tri Brasileiro no México, pela TV Rádio Clube de Recife. A minha campanha foi razoável, pois empatei meu primeiro jogo, com José Inácio dos Santos de Sergipe, ganhei de Marcelo Tavares , de Pernambuco, perdi em seguida, para Milton Silva, da Bahia, voltei a ganhar, dessa vez de Adelcio Albuquerque, do Rio de Janeiro. Eu estava disputando o campeonato por equipes, com a companhia de Angelo Slomp e Walmor da Silva Medeiros, representando o Rio Grande do Sul. Por equipes a Bahia ficou com o título, Pernambuco em segundo e nós com o terceiro lugar.Na ida para Salvador, paramos no Rio de Janeiro e em Vila Isabel. Jogamos com a turma da Liga Carioca de Futebol de Botão, cujo presidente era Getúlio Reis de Faria, um antigo botonista que jogava na regra feita pelo Decourt em 1930. No Rio de Janeiro, joguei contra o Getúlio e contra o Antonio Carlos Martins, ganhando dos dois.
Com isso tudo, ficou comprovado que ninguém mais seguraria o futebol de mesa. Era só questão de tempo para se consolidar definitivamente como o esporte mais praticado no país.
O segundo brasileiro, realizado em 13 e 14 de agosto de 1971, em Recife, Pernambuco. Desta vez o palco foi o monumental ginásio Geraldo Magalhães, o Geraldão, na Avenida Imbiribeira. Nesse ano, aumentou o número de participantes. Estavam representados os estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Bahia, Paraiba e Pernambuco. No individual, dois baianos ficaram para a final que foi apitada por mim. Roberto Dartanhã foi o campeão ao derrotar Cesar Zama, na única falha desse, quando seu botão travou e não cobriu o lançamento , sofrendo o gol único que deu a vitória a Roberto Dartanhã Costa Mello. Em equipes, depois de acirrada disputa, a equipe de Pernambuco, liderada por Ivan Lima, derrotou os baianos, levando o caneco para sua sede. Nesse campeonato conheci Nerivaldo Lopes, o maior produtor de PPS religiosos do país. Na época, ambos éramos colegas de Banco do Brasil.
No final do evento a Prefeitura de Recife ofereceu um almoço à delegação gaúcha, com direito a variada cozinha pernambucana. Foi realmente um evento a guardar para sempre na memória.
O resto fica para mais adiante. Hoje já falei demais.
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